sexta-feira, abril 07, 2006

Em Jeito de Errata


Em jeito de errata quero fazer algumas correcções a algumas biografias que tenho lido acerca do fadista Carlos Ramos.

De facto ele nasceu em Alcântara e era filho de João da Silva Ramos o “João da Trompa” assim conhecido por ser exímio executante daquele instrumento e, também por ser ele que o tocava nas caçadas de el-rei D. Carlos, de quem era funcionário no Palácio das Necessidades, com a função de Porteiro da Real Câmara.

A formação musical era obrigatória naquela família, Carlos Ramos era obrigado a aprender solfejo e violino, instrumento que ele detestava porque, no seu entender ele serrava o violino em vez de o tocar, uma das suas irmãs, Feliciana tinha o curso de conservatório de piano etc.

Quanto á guitarra portuguesa, naquele tempo considerado instrumento menor, havia um grupo de jovens estudantes do Liceu Pedro Nunes que a tocavam e aprendiam no intervalo das aulas, entre eles Carlos Ramos e o Dr. Amaro de Almeida de quem mais tarde seria colega na Escola de Medicina.

Não foi nas tascas, não foi não senhor.

Carlos Ramos andou em medicina e não no ensino politécnico, e teve alguns dissabores com o pai por causa da guitarra.

Quando foi forçado a desistir de medicina, empregou-se como escriturário nos Estaleiros da CUF e mais tarde foi radio telegrafista na Marconi.

Paralelamente tocava guitarra nos retiros fadistas então existentes, ao lado de outros guitarristas do tempo, como é o caso de Armando Freire (Armandinho) com quem terá aperfeiçoado o estilo.

O vibrar dos dedos da mão esquerda ao pisar as cordas terá sido uma herança das lições de violino, técnica que ainda hoje se vê usar por alguns guitarristas.

Não tinha qualquer grau de parentesco com Casimiro Ramos, Miguel Ramos ou Adelina Ramos, de comum apenas terem todos feito parte do elenco da Tipóia em simultâneo, para não falar da amizade que os unia.

Foi o primeiro fadista a gravar com orquestra, com João Nobre o tema "O Amor é Louco", durante a gravação tocou guitarra seguindo a orquestração por pauta.

Quando a Princesa Margarida de Inglaterra veio a Portugal ouviu o fado nas vozes de Amália Rodrigues e Carlos Ramos.

De resto, durante muito tempo foram os únicos fadistas a gravar para uma etiqueta internacional a Columbia.

Fica a correcção feita, porque hoje há por aí muito boa gente a dizer disparates sobre o fado, alguns até se lembram de coisas que não viram porque não estavam lá, mas isso é outra história...

( Na foto as guitarras são tocadas por Carlos Ramos e Armandinho acompanhando Maria do Carmo Torres)

2 comentários:

Fadista disse...

Parabéns pela edição deste blog acerca de Carlos Ramos, um dos fadistas da minha predilecção. Editei há pouco tempo um vídeo no meu blog www.fadocravo.blogspot.com em que ele canta o fado "Oração à Nazaré".
Queria só aqui fazer um pequeno reparo sobre o que afirma relativamente ao facto de terem sido Carlos Ramos e Amália os únicos a gravar durante muito tempo para a etiqueta Columbia. BERTA CARDOSO, terá sido uma das primeiras, seguramente antes de C. Ramos e Amália, e existem até os discos, patentes na exposição no Museu do Fado. Para essa etiqueta gravou, entre outros, o seu fado mais emblemático "Cruz de Guerra", "Uma hora,duas horas", "Marinheiros de Portugal"...
Terei todo o gosto que visite o meu blog e também o site que editei em homenagem a essa enorme cantadeira e artista que foi Berta Cardoso- www.bertacardoso.com
Cumprimentos

Unknown disse...

Qual é a relação com a minha madrasta (Manuela Cunha) a quem Carlos Ramos considerava sobrinha?
Aliás tenho comigo, uma foto escrita no reverso por ele (Carlos Ramos) para oferecer ao meu <pai (Armando Brandão) seu grande amigo?

Alguém me sabe responder?

Agradeço resposta para bonanca.ribeirodefariabrando@gmail.com

O meu nome é Maria do Carmo Brandão