A fotografia está datada e legendada pelo próprio Carlos Ramos.
O Rei Humberto de Itália, durante o seu exílio em Portugal tornou-se apreciador do Fado, Lucília do Carmo e Carlos Ramos estavam entre os fadistas que mais admirava e com quem manteve relações de amizade.
Era assíduo frequentador d’ O Faia e d’ A Toca.
Nesta última casa de fados ocorreu um episódio que não resisto á tentação de contar:
O piso superior da Toca era um local semi-privado, destinado aos ensaios do elenco e a receber alguns convidados especiais.
Não era raro, poetas como Linhares Barbosa, Domingos Gonçalves Costa, entre outros, ali escreverem belas letras para fado e algumas vezes acontecer serem logo musicadas, ou arranjadas pelos guitarristas.
Presença obrigatória neste espaço era o “Tony-Fotógrafo” que ganhava a vida a tirar fotografias nas casas de fado, com a sua Rolley Flex.
O Tony tinha um pequeno estúdio “preto e branco” no Bairro Alto, de forma que as fotos ficavam prontas a tempo de serem vendidas aos clientes na mesma noite.
Ainda hoje invejo os negros profundos e o alto contraste que o Tony conseguia nas suas ampliações.
O Tony era gente boa, simples, genuína, a falta de cultura era compensada por uma sensibilidade e um coração enormes.
O Tony conhecia a fundo duas coisas: a fotografia e a vida nocturna.
Naquela Noite, Humberto de Itália encontrava-se neste espaço, saboreando uma bebida e conversando com Carlos Ramos e com o Prof. Martinho D’Assunção.
É então que chega o Tony que vendo ali uma oportunidade de ganhar mais uns trocos, agarra na guitarra do Francisco Carvalhinho, aproxima-se do Rei e solta esta frase simples e eficiente e despida de protocolos:
- Oh Senhor reizinho, tire lá um rotratinho ca guitarrinha da mão !!!!
O Fado era assim, nivelava as classes sociais, mesclava culturas e acima de tudo tinha gente realmente bonita.
Abrantes 14 de Fevereiro de 2007
Eduardo Ramos de Morais
O Rei Humberto de Itália, durante o seu exílio em Portugal tornou-se apreciador do Fado, Lucília do Carmo e Carlos Ramos estavam entre os fadistas que mais admirava e com quem manteve relações de amizade.
Era assíduo frequentador d’ O Faia e d’ A Toca.
Nesta última casa de fados ocorreu um episódio que não resisto á tentação de contar:
O piso superior da Toca era um local semi-privado, destinado aos ensaios do elenco e a receber alguns convidados especiais.
Não era raro, poetas como Linhares Barbosa, Domingos Gonçalves Costa, entre outros, ali escreverem belas letras para fado e algumas vezes acontecer serem logo musicadas, ou arranjadas pelos guitarristas.
Presença obrigatória neste espaço era o “Tony-Fotógrafo” que ganhava a vida a tirar fotografias nas casas de fado, com a sua Rolley Flex.
O Tony tinha um pequeno estúdio “preto e branco” no Bairro Alto, de forma que as fotos ficavam prontas a tempo de serem vendidas aos clientes na mesma noite.
Ainda hoje invejo os negros profundos e o alto contraste que o Tony conseguia nas suas ampliações.
O Tony era gente boa, simples, genuína, a falta de cultura era compensada por uma sensibilidade e um coração enormes.
O Tony conhecia a fundo duas coisas: a fotografia e a vida nocturna.
Naquela Noite, Humberto de Itália encontrava-se neste espaço, saboreando uma bebida e conversando com Carlos Ramos e com o Prof. Martinho D’Assunção.
É então que chega o Tony que vendo ali uma oportunidade de ganhar mais uns trocos, agarra na guitarra do Francisco Carvalhinho, aproxima-se do Rei e solta esta frase simples e eficiente e despida de protocolos:
- Oh Senhor reizinho, tire lá um rotratinho ca guitarrinha da mão !!!!
O Fado era assim, nivelava as classes sociais, mesclava culturas e acima de tudo tinha gente realmente bonita.
Abrantes 14 de Fevereiro de 2007
Eduardo Ramos de Morais